sexta-feira, março 16, 2007

A Capitulação II

Dando prosseguimento ao post “A Capitulção I”, estava eu no Ensino Médio, logo após aquela conversa transformadora, se não revolucionária, na minha vida. Passei a estabelecer outros vínculos com meus colegas, relações de amizade que até então pra mim eram bastante desconhecidas.

Foi então que comecei a sofrer uma série de mudanças, algumas bastante gradativas, principalmente na minha forma de pensar e ver o mundo. Quando entrei pro Conservatório para fazer o curso básico de teatro, eu sabia que tinha algo diferente em mim. O engraçado é que, apesar de ter vivido “restrito” durante todo esse tempo, eu amava tudo que se relacionava à Arte, principalmente as apresentações abertas que a gente fazia na escola. Acho que tinha essa “vontade de extrapolação” desde criança, apesar de agir de forma comedida.

O Conservatório só me fez ter certeza que eu queria fazer aquilo. Queria encarar personagens, viver emoções alheias como se fossem minhas, emocionar pessoas. Entretanto, acredito que foi uma etapa, um momento em que eu ainda via o teatro eminentemente pela perspectiva do espetáculo em si e menos pelo seu verdadeiro significado.

Eu creio que, no fundo, fazer uma faculdade em São Paulo tinha como objetivo principal a oportunidade de viver nessa metrópole que tanto amo e admiro, de sentir toda essa atmosfera de dinamismo e novas idéias, novos conceitos, novas direções... Aqui eu descobri um novo mundo, muito maior do que eu imaginava ser. Maior não só em espaço físico, mas também pelas perspectivas de vida que eu não sabia que podia viver.

Aqui fiz meus melhores amigos. Conheci o que realmente é a confiança, além de viver aventuras loucas que eu nunca me imaginaria fazendo. Passei a ter um novo conceito de vida, uma nova forma de ver as pessoas e o mundo onde lutam para sobreviver. Sempre tive uma perspectiva bastante crítica, mas aqui eu pude aprimorar isso e, de certa forma, me desapegar bastante do aspecto financeiro das coisas, conhecendo o lado sensível, essencial e artístico do ser humano.

Eu sempre digo para uns amigos meus: “se voltasse cinco anos atrás e contasse pra mim como eu seria dali a cinco anos, nunca acreditaria e ainda me processaria por calúnia”. Mas as mudanças foram extremamente positivas. Sou mais feliz hoje. Sem aquelas regras idiotas, sem o ascetismo da minha escola, sem as opiniões retrógradas dos meus parentes pude existir de forma mais individual e descobrir um mundo mais aprazível de se viver.

Mesmo assim vislumbro mais ousadia. Descobri como é bom transgredir limites... Hahahaha... Que não me escutem os conservadores! Que não me escute o Rido de cinco anos atrás! Mas há ainda algumas coisas que desejo, que ainda quero fazer. Umas serão decisivas na minha vida, outras são algumas das muitas bizarrices minhas. Correr pelado pela Paulista é apenas uma delas.

2 comentários:

Guilherme Genestreti disse...

Rido, como é bom ler todas essas coisas... Entrar em contato com um viés seu que eu só conhecia por alto... Interessante como tem tanta coincidência entre essa sua mudança de 5 anos para cá e a minha mudança de 5 anos para cá também... Abração

RIDO disse...

Interessante esse processo de mudança. Eu penso bastante nisso. Abraço!