domingo, maio 20, 2007

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Por que sempre buscamos as saídas? Será que cada problema sempre está acompanhado da sua resolução? Pergunta vã, uma vez que resposta não podemos encontrar. É vã, mas não deixa de ser inquietante.

Interessante como a vida nos coloca diante de uma série de questões intrigantes. Verdade também é que elas nem sempre são encaradas da mesma forma. Tudo depende de um contexto, juntamente com experiências já concebidas. Assim, problemas insolúveis para alguns podem ser considerados ridículos para outros. Portanto, a dimensão atribuída não depende do problema em si, mas do sujeito que o detém. É sim mais uma questão de relativização.

Sei lá por que eu tô escrevendo isso. Eu tenho pensado muito nessa questão existencial da convivência constante do ser humano com problemas. A vida é um problema em si. Mas, por favor, "problema" aí está sem pejoração. Sendo a existência um núcleo problemático, viver se torna uma tarefa obrigatória até o momento em que ainda é mais valorizada em relação à sua própria anulação. Em outras palavras, vivemos porque achamos isso melhor do que a não-vida, o que não é o mesmo que morte.

Mas uma questão, imediadamente, me vem à cabeça: será que preferimos viver e personificar o caos ou temos, na verdade, medo do contrário a isso tudo? Spinoza nos diria que esse processo de extinção da própria existência pode ocorrer com a incompatibilidade entre o corpo e o fluxo dos afetos. Concordo e muito com essa concepção, mas acho que a anulação da própria vida está diretamente ligada à anulação desse medo em relação ao desconhecido, ao incerto.

Essas não são ideías suicidas, pelo amor de deus, mas fazem parte de uma reflexão feita com uma grande amiga, que também adora a discussão de uma existencialidade. Ela já é mais radical. Essencialmente platônica, acha que vivemos no próprio inferno: "O inferno é aqui e a nossa corporificação se constitui no mais pesado dos fardos que uma existência pode compreender".

Um coisa é certa: apesar desse medo do improvável, indivíduos especulam a todo momento o que haveria do outro lado. Constantemente, encontram-se à espreita, tentando pelo álcool ou pelos alucinógenos, contemplar algum mistério desse "inimaginável". Esse nada tão enigmático, talvez maior do que tudo o que podemos imaginar. Estranho isso.

2 comentários:

Guilherme Genestreti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guilherme Genestreti disse...

Estranho isso, mesmo, Rido... Quando eu penso nas coisas que eu já passei, fico lembrando de todas as vezes que tentei atravessar o espelho... Acho que a gente só atravessa ele mesmo quando não somos mais nós mesmos... E se nós não somos mais nós mesmos, o que somos?