segunda-feira, dezembro 31, 2007

Get Get Get Going!

Chego ao último post de 2007. E é impossível não começar a refletir sobre tudo o que se passou nesse ano. A inconstância do mundo ou ainda a incerteza do futuro me dão um pouco de medo, fico receoso, mas os planos que tenho para essa nova época inauguram em mim uma força que me faz começar 2008 com bastante otimismo.

Eu queria fazer um post bem grande, mas acho que poderia ser um pouco maçante, ou até mesmo desnecessário.

Todo ano é um ano de mudanças. Mas esse foi em especial um ano de transformações bastante intensas em todos os campos da minha vida. Foi o ano das andanças pelo centro, das maratonas de filmes na ECA, da descoberta de lugares especiais pra mim, das peças assistidas e reassistidas, das tardes no CINUSP com um gosto de ociosidade tão delicioso...

Esse foi um ano muito bom. Foi o ano das minhas primeiras peças sérias, sem aquele amadorismo que os grupos de Poços não faziam tanta questão de esconder. Foi bom poder contar com um grupo tão sinérgico e talentoso. Foi bom fazer um George Gibbs e buscar para ele a inocência da criança numa peça com uma vertente dramática tão tocante. Mas também foi demais fazer o Oberon, personagem antagônica que ainda guarda em mim uma série de características.

Esse foi o ano em que conheci, mais a fundo, um grupo de teatro com que muito me identifiquei. Os Satyros renovaram em mim o desejo de fazer um teatro diferente, uma arte viva e atuante que sirva como impulso para a conscientização e a transformação social.

Mudei de estágio, mudei de casa. Agradeço aos amigos, que eu tive uma puta sorte de encontrar e que me ajudaram em tudo o que foi necessário. E agradeço ao Sol, por me acompanhar nos momentos mais felizes e ter sido mais uma razão pra essa felicidade.

Despeço-me de 2007 com a certeza de que 2008 será ainda melhor. Que esse ano próximo seja o ano do nosso mergulho na arte que tanto amamos. Eu vou trabalhar muito pra isso!


Ouvindo: Won't Get Fooled Again - The Who

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Borboletas se divertem

Esse post não é pra ela porque seria realmente muito pouco. Só quero usar mais esse caminho pra dizer o quanto ela é essencial na minha vida. O quanto ela representa pra mim e, o mais importante, como eu a vejo.

Não sabia que essa grande cidade me reservava uma amizade tão especial, algo que eu nunca havia vivido no mundo de onde vim. As coisas começaram um pouco devagar, as conversas eram um pouco raras e, no início, meramente formais. Mas ela me conquistou de uma forma extremamente tocante, com um afeto e um carinho (não me canso de dizer) nunca antes visto.

Estou comovido. Comovido por tê-la no meu caminho e por desfrutar de uma parte tão importante da sua atenção e do seu afeto.

"Desejar" não adianta nada... Eu acho que a gente pode é "querer", e trabalhar pra isso. Assim, eu quero, quero muito que ela tenha todo o sucesso que merece e, no que depender de mim, ela vai ter toda a ajuda desse mundo!

Eu não sabia que uma das minhas grandes paixões, o Teatro, iria trazer um presente tão significativo pra minha vida. Ela é uma das pessoas em quem mais confio, de quem eu sinto uma puta sinceridade... E é isso que a faz tão especial pra mim.

Nossas loucuras, nossas brincadeiras, nossos papos sérios, nossas gargalhadas... Isso que importa! Porque é o que de mais valioso que daqui podemos levar!

Nesse momento, eu chego às lágrimas. E isso só deixa ainda mais claro o quanto ela está presente aqui... Na minha alma.

Te amo, Lelê!


Ouvindo: Feeling Good - Eels

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Cidade das rosas

Continuam intactos. Os lugares, as pessoas, as famílias, os costumes... Como apreciam uma rotina! Perdidas na mesmice do cotidiano, novidades tentam permear as cegas frestas do reacionarismo, mas o sucesso está bem distante. O que mais vale é a sombra do passado, de uma memória em que o áureo reinava, as grandes festas amaciavam o tédio provinciano e os fúteis quatrocentões exerciam algum tipo de dominação.

Hoje, as casas estão velhas e mato toma conta daquilo que um dia foi um bem-cuidado jardim. Mas, ironicamente, as paredes gastas insistem em, mesmo após várias pinturas, revelar a estampa daqueles velhos tempos áureos...

E alguns dizem: "Aquela, sim, era uma boa época!"


Ouvindo: Fledermaus

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Expand

Foram dois meses e dezessete dias...
No final tudo dá certo. Já disse isso aqui nesse blog. Quantas coisas passaram, quantas transformações vividas, quantos medos superados, quantas angústias acalmadas...

Só devo isso aos meus amigos, a ternos ombros que sempre estiveram lá me esperando quando eu mais precisei. Estamos no final do ano já, sim, mas um final depois de tempestade, quando a recente calmaria ainda nos dá aquele prazer de "passou!".

E agora eu me encontro aqui novamente... Sentado, à meia luz, ouvindo Satie e me lembrando daquele antigo quarto, que, apesar do lugar em que estava abrigado, guardava muito de mim... Tinha uma atmosfera bastante reveladora e que me aconchegou por várias vezes.

Não será o último post do ano. Não quero assassiná-lo em plena metade de dezembro. Só queria inaugurar essa nova era. Restauro aqui o meu "eu". E com muita intensidade, proclamo num só tom: o "Rido está de volta!"

Um dos meus prediletos de Magritte: "A atmosfera dos seres".
Meu quarto...


sábado, dezembro 08, 2007

Back

Nessa semana, vamos voltar a movimentar isso daqui!

Get cracking!!!

quarta-feira, novembro 21, 2007

Pré

Pré-post... Já volto!

domingo, setembro 30, 2007

Off

Sem concentração para postar algo mais aprofundado. Só aviso que passarei um tempo sem postar constantemente. Não sei quanto tempo a tempestade vai durar. Só espero sair vivo dela. Até!

E quando voltar mesmo, quero fazer um megapost! Prometo!

domingo, setembro 23, 2007

Break

Eu não gosto de ficar tanto tempo sem postar. Dá uma ar de abandono, ou ainda uma impressão de que o blog é algo sem importância, sem prioridade. Eu gostaria de poder postar todos os dias. Todos os dias queria ter tempo pra escrever longos textos, com longas discussões ou só baboseiras mesmo.

Tô sem tempo pra tudo. Sei lá por que razão. Tento fazer várias coisas ao mesmo tempo e acabou por não conseguir completar nenhuma delas. Acho que é pela minha falta de concentração, que atrapalha as minhas atividades tanto na escola quanto em coisas do estágio e do próprio teatro.

Queria voltar àquele ritmo de antes. Àquela época em que eu ficava bem em casa, em que esse espaço ainda apresentava aguma coisa de agradável. Odeio ficar reclamando disso. Mas enfim...

Primavera

A garganta já começa a dar sinais de tempo gelado. E na insconstância entre frio e calor, essa tosse maldita não cessa! Quem sabe aos 10 graus essa porra não vai embora!

Quando o clima era frio, ficava bem no calor. Agora, que o clima é quente, fico melhor em temperaturas amenas. Bizarro...

terça-feira, setembro 18, 2007

Parra

"Volver a los 17... Después de vivir un siglo... Es como descifrar signos... sin ser sabio competente... Volver a ser de repente... Tan frágil como un segundo... Volver al sentir profundo... Como un niño frente a Dios... Eso es lo que siento yo... En este instante fecundo...

De par en par la ventana... Se abrió como por encanto... Entró el amor con su manto... Como una tibia mañana... Al son de su bella diana... Hizo brotar el jazmín... Volando cual serafín... Al cielo le puso aretes... Y mis años en 17... Los convirtió el querubín"

Volver a los 17

Na voz do catalão Joan Manuel Serrat (pérola)

Drástico

De ingênuo para experiente... De sincero para cínico... De romântico para pragmático... De comedido para audaz...

DE GEORGE PARA OBERON...

domingo, setembro 16, 2007

Quid sum miser tunc dicturus?

Não sou platônico, mas se a dualidade Alma X Corpo fizer algum sentido, esse vai estar com certeza ligado á idéia de que o corpo é realmente uma prisão. Uma prisão inexorável. O preço da desgraçada liberdade que o ignorante e primitivo ser humano acredita ser de valor inestimável.

Essa paradoxal liberdade faz do ser humano um "indivíduo", na mais crua acepção do termo. O "único", com a solidão como condição da sua própria existência. O indivíduo é livre. Mas esse "livre-arbítrio", como tudo no mundo, cobra um preço, muito alto na minha concepção, o preço do isolamento.

Essa solidão inexorável me apavora... Ainda mais em todo esse caos.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Cogito

Pensava: que covarde é o homem ao criar Deus...

Ouvindo: Stairway to Heaven - Led.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Chimera

Batte già... L’orologio le tre... Senza te, senza me... Che si fa... Quando il sonno non c’è... Si può piangere... E sento sul cuscino... Il cuore mio che batte... E disperatamente chiama te...

Gianni Morandi.

A ironia do inconciliável

Por que as tardes lá na escola, principalmente quando o céu estava bem cinzento, eram tão especiais? Tão boas de serem sentidas?

Acho que todas as minhas neuroses com notas e bom corportamento convertiam-se em satisfação quando aquele ambiente de tensão e, por que não medo, era coroado por uma tarde de iminência de chuva, tarde escura, com nuvens bastante hostis e que prometiam arrasar mais um início de noite...

Quando eu saía da sala, ocasionalmente permitido, me permitia descer à pré-escola. Esperava a aula de ensino religioso e então dizia que não passava muito bem. A professora, para o nosso total espanto, convidava-me a sair da sala para "tomar um ar".

Adorava aquele momento de glória que, por tão curto, tornava-se extremanente bom. A Escola é grande e eu passeava pelos jardins, burlando a aula de religião da professora prestativa. Descia e ia "dar um oi" a minha mãe, que já esperava meu irmão na saída, no mesmo lugar onde chorei várias vezes esperando ela, que não precisava se atrasar muitos minutos para eu pensar que nunca mais iria me buscar.

Na biblioteca, eu sei lá porque adorava sentir aquele cheiro de antigo. Aquela atmosfera de mofo, tradicional, estanque, rígida... Regras e mais regras. Como eu tinha medo de regras! E como quis segui-las com tanto desespero! "Ciência, Trabalho e Oração": essa era a bandeira.

Mas apesar de tudo isso, eu acho que ali vivi alguns dos melhores anos da minha vida. Minha única escola. 15 anos de vida. A disciplina intransigente, o código de conduta lido e relido pelos professores, as aulas de artes industriais, a música clássica nos intervalos das aulas... Tudo isso me vem à memória de uma forma tão clara...

Havia um medo, mas havia também um prazer tão grande quando ele era suplantado. Um prazer tão desejável que uma tarde cinzenta podia significar um belo fim de dia. E eu duvido que o tempo passava com a mesma velocidade de hoje. Duvido!


Ouvindo: Luna Marinara - Pavarotti

terça-feira, setembro 11, 2007

Aaaaaargh !!!

Odeio os lugares que vendem pizzas doces! Onde se viu colocar brigadeiro e banana numa pizza! Vai se foder!

Ridículo! Odeio!

Colméias proletárias

Tava pensando esses dias. Esses conjuntos residencias de mil apartamentos são na verdade caixas humanas, espaços mínimos, tanto no tamanho quanto na variedade de atributos, onde as famílias se acomodam apertadamente, buscando um lugar onde possam exercer o mínimo de privacidade a que ainda lhes restam.

Isso é desesperador. O mais irônico é que a maioria nem vive ali; só se mantém viva ali. Tudo para continuar a movimentar o circuito. Como Marx foi sábio ao detectar o poder alienante da ideologia capitalista...

Incoerência

Que medo de tudo! Que insegurança! Parece que acabei de aprender a contar dinheiro sozinho e já tenho esse mundo de responsabilidades!

Essa "liberdade" às vezes é um saco!

Ouvindo: Exitlude - The Killers

quarta-feira, setembro 05, 2007

The Sound of Silence

1990; Escola Profissional Dom Bosco; Tia Rose; Aula de iniciação musical; Prédio das Artes Industriais. Ainda sem ego.

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
Beneath the halo of a street lamp
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed
By the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence

Simon and Garfunkel

Quando eu ainda não sabia ouvir...

domingo, setembro 02, 2007

Fumando espero,

Transformar uma tradicional comédia de Shakespeare em algo contemporâneo, numa realidade nebulosa e degradante?

Desafiador. Ainda mais conservando um texto que, por mais que tenha sido adaptado, guarda trechos e expressões bastante singulares, frutos de um outro contexto e um modo distinto de conceber esse mundo.

Mas é nessa dificuldade que está o encanto: o que nos permite ultrapassar as fronteiras de um texto cheio de amarras é a mesma liberdade que temos para sonhar, sonhar bem alto e construir personagens originais, sem que percam a graça que os faz interessantes.

Oberon é rei. Rei do mundo das fadas. E é nesse universo que eu vou mergulhar bem fundo em busca de algo inovador, um perfil que contemple o seu estilo “boca do lixo” sem cair no convencional e, principalmente, diferente das figuras navalhescas.

No mundo dos espíritos, Oberon vive uma relação conflituosa com Titânia, rainha das “moças de vida suspeita”. Alicia Puck, um jovem da rua, sem dinheiro, sem casa, sem rumo. Mas Oberon o sustenta e nele o menino deposita a minguada confiança que pôde conquistar nesse mundo que só lhe reserva um punhado de porradas.

Só quero que esse vilão não seja uma simples vítima da sua tirania. Que ele consiga ir muito além disso.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Portrait

Fico constantemente olhando pra esse céu aqui. Um céu próximo. Bem diante dos meus olhos. E vejo pessoas que amo. Amo.

Ouvindo: 'Til The Tide Creeps In - The Thrills

terça-feira, agosto 28, 2007

Em tempo

Sem tempo para postar.

Curvas


"Linger" me dá uma nostalgia de 94!!!

Que gosto de Ubatuba! Serrinha cruel...
Saudade da vozinha da Dolores...


Ouvindo: Linger - Cranberries

quarta-feira, agosto 22, 2007

Supra-interepidérmico

O sangue corre mais rápido e o olhar se atém ao caráter traiçoeiro do tempo. Tempo incoerente...


Conturbados ecos antiquados sussurram em meio à decrepitude recém instalada. Densos portais recebem, em ritmo frenético, um coração louco para dizer alguma coisa. Então, após alguns milésimos, os olhares ressonantes sintetizam, sob misteriosa sinergia, a melhor das sensações do universo.


No lapso do dia, o signo lingüístico tenta, com toda a sua imprecisão, reportar grandezas não-reproduzíveis. Pretensiosa essa linguagem que crê na capacidade de objetivar o intangível!


Lembranças permeiam minhas observações e me fazem constatar como felicidade está intimamente unida ao amor. E como é bom sentir, de forma realmente especial, a reciprocidade que alimenta, constante e intensamente, a força que passa a definir os passos da nossa vida e os rumos da nossa existência.



E num candente ósculo, mesmo atordoado pelo efeito alucinógeno da substância proibida, eu sinto se revelar algo que todas as palavras do mundo nunca seriam capazes de reproduzir. Eu simplesmente sinto...

segunda-feira, agosto 20, 2007

.............

Céu. Céu? Ceeeeeeeeeeeeeeeeéu...

Chão. Céu. Chão. Céu. Chão. Céu.

Céu... Hahahahahahaha

Ooooooooooooooou Céu!

Hahahahahahahahahah

domingo, agosto 19, 2007

De esguelha

Madame Duvan presenciou tudo. Tudo o que há cinco anos atrás eu nunca imaginaria conceber. Nunca. Madame Duvan deve ter se acabado de tanto rir. Como eu...

Ahahahah Essa Madame Duvan! É uma grande espertalhona, isso sim!


Ouvindo: C´Est Si Bon - Eartha Kitt

Nossa Cidade

Esses últimos dias foram bastante conturbados, o que não me permitiu postar como eu gostaria. Incrível como eu passei a encarar isso aqui como um hábito, uma necessidade inexplicável de registrar uma idéia, um pensamento, ou ainda uma simples futilidade corrente.

Foi ótima. Apesar do desfecho (literalmente não muito agradável), foi uma sexta-feira bastante intensa. Meus amigos mais próximos do Macu me deram o privilégio de dividir a noite comigo. A Lelê, o César, o Fê, o Gui... Amigos que me fazem cada vez mais ter certeza de que fiz a escolha certa. Quando cheguei aqui pra viver definitivamente, disse pra mim que uma nova vida se iniciava. Pedi apenas que fosse feliz nesse novo mundo, a mim aparentemente incerto e até um pouco hostil.

E digo, sendo até redundante, que encontrei a minha família aqui. Pessoas que eu sinceramente reconheço como seres fantásticos, de quem eu sinto um afeto, uma humanidade e uma disponibilidade realmente tocantes...

A vida aqui nesse lugar já valeu, mais do que tudo, por ter conhecido vocês. Eu só tenho o que agradecer...

sexta-feira, agosto 17, 2007

O Elfo da Liberdade

Na paz escondida, as reprimendas se evidenciam. Vultos subversivos caminham em direção a um mundo já por muitos visado. Eu, na inquietação de uma inocência em fadiga, quero acompanhá-los, guiando-os ao mesmo tempo. O espaço já existe.

Agora... E depois?


Depois? Depois já não será mais ele mesmo...

domingo, agosto 12, 2007

Mundinho sujo

Será que finalmente vou fazer o papel visceral que tanto tem me provocado???

Quizás

Siempre que te pregunto
Qué, cuándo, cómo y dónde
Tú siempre me respondes
Quizás, quizás, quizás...

¡Vale, Sarita! Canta, canta y baila...

Cielos... ¡Qué hermosura!


Ouvindo: Fumando Espero - Sara Montiel

sábado, agosto 11, 2007

A Rabugenta

E a velha continua a rosnar!!!

Odeio a velha!

Ouvindo: One Horse Town - The Thrills

terça-feira, agosto 07, 2007

Ao pensar...nabúquico

Clara luz que, rebatida pelo arco pictórico, desvenda o algoritmo irracional ali ignorado pelas almas inquietas... O sol aparece... E a sua intensidade eu contemplo...

...morfoses

"Os tempos mudam, as drogas mudam e as pessoas mudam..."

Ouvindo: Sing - Blur

quinta-feira, agosto 02, 2007

Ensejo platonesco

Quando a estrela surgiu, o céu se orgulhou e o menor dos mundos agora parecia um grande reino encantado. As flores cresciam mais alegres e faziam com que as paixões ficassem ainda mais sangüíneas. Do encontro entre céu e mar era concebida a mais rara das sensações, que de tão nobre deixava de ser humana.

Às vezes, no turbilhão do mundo, a mecânica racional cessa e deixa brotar, mesmo que tudo conspire negativamente, um fio de anseio, louco impulso de chegar a um lugar indeterminado, de buscar algo indefinido, de ocupar a plenitude de um espaço...

A cegueira condicionante deixa inférteis muitos dos corações. O egoísmo exacerbado ou a soberba traiçoeira enganam os olhos, que, de tão alienados, não conseguem ver a luz do sol. É apenas mais um dia.

No entanto, apesar de todos os empecilhos, esse fio permanece lá, tentando, lutando, procurando de todas as maneiras superar a ressaca e olhar novamente para o mar com olhos de desejo. Desejo daquela sensação. Daquela efemeridade graciosa, daquela sensação ambicionada por todas as complexidades humanas.

E, mesmo que seja intrincado demais, mesmo que pareça improvável demais, o vôo se faz e a água vem, deliciosa, cintilante, apaziguadora, vem sem se calar e, num átimo, tudo está azul. Tudo está lindo e azul como aquele céu de estrelas.

Nesse platô incomensurável, nessa dimensão límbica, está aquela sensação. O fio se transforma em noção agradável, as coisas se vestem de sentido e o dia não é só mais um dia. E assim nasce a "felicidade".

No gargalo

Definitivamente: São Paulo é o exemplo da vulnerabilidade!

E, no entanto, as soluções só são discutidas para o tipo de transporte que menos carrega a população (isso sem contar as falidas ferrovias).

Claro, ELES é que usam black tie!

segunda-feira, julho 30, 2007

Palomita blanca

Aquela flor abandonada no chão, minguando alguma atenção, foi mais do que simbólica pra mim.

Apesar de todas as desavenças, apesar dos maus momentos, apesar das poucas vezes que nos vimos...

Eu senti... Eu senti uma intensa pena... Ali, diante de mim, refém de todos os olhares...
Ostentou tanto e vai com tão pouco... Modestamente.

O mais triste foi perceber que muitos se encerravam naquele espaço muito mais por obrigação do que por vontade própria. Assuntos dos mais variados, algumas risadas, comentários: tudo menos algo sobre a causa que ali os prendia.

Algumas lágrimas, poucas. Poucas lágrimas insistiam em tocar, resistidamente, os rostos infelizes... Infelizes, mas não tristes.

Eu senti uma intensa pena daquela flor. Naquela tarde gelada, daquela cidadezinha exígua, os rostos pendiam confusos, num sentimento extremamente ambíguo... Ambíguo como ele.

Muito triste ir assim...



Me lembrei da versão do Caetano, em "Fale com Ela": Cucurrucucu Paloma.

sábado, julho 28, 2007

PS

E por que esse blog insiste em registrar uma hora incorreta! Não entendo! Já passa das 14h30 e ele me dá 10h39!

Enfim... Reflexo da minha indignação do post anterior.

Manifesto

Eu odeio a TIM! Como essa operadora consegue ser tão incompetente? Quando mais se precisa dos seus serviços, quando mais se deseja uma conexão, NADA! Mensagens incompletas, queda de sinal, ligações não efetuadas! Tudo sem nenhuma explicação!

E nós aqui, feito idiotas, à mercê das suas vontades!

"Sem fronteiras" o caramba!

Reitero: Eu odeio a TIM!

E tão puto a ponto de sujar o meu blog com essa marca deplorável!

Recuerdos

Tava olhando meus cadernos antigos. Achei isso, com a data de junho de 1997, ocasião da morte de uma professora:

Já no horizonte, o sol se envergonha
É noite! As estrelas anunciam, a Lua chora
A vida agradece por mais uma vitória
E o povo enobrece com a tradição.


Ouvindo: Addicted to Love - Robert Palmer.

quarta-feira, julho 25, 2007

Belvedere

De regresso à terra natal... Mas acho que nunca realmente vivi lá. Minha mente sempre esteve mais longe dali. Bem mais distante...

E que venha o tédio!

Ouvindo: Riders on The Storm - The Doors

terça-feira, julho 24, 2007

Schweigengeist

Não sei por que mas hoje ao acordar me veio à cabeça muito claramente aquela primeira imagem de "O Enigma de Kaspar Hauser", do Werner Herzog.

Aquele capim ao vento me apareceu diante dos olhos; me lembrei tanto da música de fundo quanto daquela frase do início, que, por sinal, tem muito a ver com o título do meu blog:


"Esses gritos assustadores ao nosso redor são o que vocês chamam de silêncio?"

segunda-feira, julho 23, 2007

Estado

Tresloucado. Retirado. Levado. Provocado. Encontrado. Excitado. Abusado. Amedrontado. Espelhado. Ousado. Desvairado. Dasajeitado. Atacado. Apertado. Preparado. Molhado. Tarado. Assedentado. Insaciado. Desesperado. . .


No caos.

Ouvindo: Beautiful Freak - Eels

sábado, julho 21, 2007

Excertos

E nesse líquido dionisíaco eu me consumo. Me consumo enxovalhado pelas reflexões e teorias que insisto em formular. Em poucas palavras, numa filosofia de boteco limitada pela ignorância da minha juventude, eu busco teorizar aquilo que nem as maiores mentes conseguiram definir. Por que às vezes somos tão petulantes?

Ouvindo: Deckchairs and Cigarettes - The Thrills

Agora numa outra arena

Eu não gosto me referir a uma pessoa assim, mas no caso do ACM não meço as minhas palavras. Antônio Carlos Magalhães fez o que quis da Bahia e de quem se sujeitava ao seu controle autoritário, que procurava conservar ainda resquícios de um coronelismo falido e anacrônico.

O mais impressionante é ver todo aquele povo sofrido, que faz das migalhas que o governo lhe concede quase que dádiva divina, chorar intensamente - diga-se de passagem, com lágrimas muito mais sinceras do que os discursos inflamados do seu líder. Toninho Malvadeza foi tarde. Tão tarde quanto José Sarney, Paulo Maluf e um bando de pilantras irão.

ACM apoiou o regime militar até a última oportunidade. Foi prefeito de Salvador, governador de Estado e consumiu outros postos graças à indicação do autoritarismo. Quando viu que a coisa não mais se sustentava, ele, como outros nomes "espertinhos", vestiu-se de "Democracia" e passou defender tudo a que antes se opunha. Como o Tancredo Neves. Alguém se lembra que ele fez parte da manobra parlamentarista encabeçada pelos militares no governo Jango? Mas falarei disso num post futuro.

Morreu sem a repercussão que poderia ter. Ironicamente, o trágico acidente com o avião da TAM e o desfalcado Pan ofuscaram a morte de um dos caciques que mais concentraram poder na história republicana desse país. A tristeza não está na morte dessa figura que merece o meu mais pavoroso asco: está no sentimento de grande parte da população, na desolação pela perda do senhor que as explorava; uma reação que evidencia o quanto estamos despreparados para viver uma democracia.

Não temos uma nação. Pelo menos no sentido próprio da palavra passamos longe de ser algo do gênero. Com certeza, muitos lugares públicos agora estamparão o nome dessa criatura. Manobra sábia desses líderes, que buscam, num ato totalmente egocêntrico e interesseiro, perpetuar seus nomes em coisas que são públicas, e que, portanto, deveriam denotar o caráter público do qual estão imbuídas.

Sei que a “cobrinha” continua lá no Congresso. Sei que o neto vai continuar lá, anunciando para todos os ouvidos a marca ACM que o avô construiu. Mas sei também que se trata de um novo tempo e que, por mais que ele represente um descendente da dinastia, estamos em uma outra época, com outras mentalidades e, querendo ou não, com um outro olhar de futuro.

quarta-feira, julho 18, 2007

Em solo

Sempre defendi as ferrovias...



Mas enfim...

Um aperto...

Uma angústia asfixiante. Depois de me embriagar com as notícias do acidente, me deu uma aflição ver todas aquelas pessoas esperando a confirmação dos nomes das vítimas... Aquelas mães chorando; aquele desespero impossível de ser mensurado! Que angústia! Que vontade de buscar um porto onde me sinto a pessoa mais segura do mundo? Lua, que vontade de adormecer no seu leito e sentir a ternura que só você pode me dar!

terça-feira, julho 17, 2007

Quinta série

Lembra, Leo?

"Di grano in grano la gallina rempe il gozzo".


Tava lembrando hoje da nossa tradução tosca... Ri sozinho.

Metalizando

Depois de alguns meses, eu vejo como esse blog me serviu pra canalizar tantas das coisas que eu queria expressar, tantas das críticas que eu desejei fazer, ou mesmo somente como um recanto pros meus sonhos e reflexões existenciais.

Ouvindo: Read My Mind - The Killers

segunda-feira, julho 16, 2007

Cativeiro social

Aos cinco anos, estava no auge do apego à minha família. Particularmente à minha mãe, que me pôde mimar o máximo que desejou, moldando-me a todas as suas convenções, padrões e, principalmente, a todos os seus medos. É, aprendi a ter medo. Medo de tudo e, muitas vezes, de todos. Medo da rua, dos estranhos, do mar, da avó... Medo de mim.

Será mesmo o medo um instrumento eficiente na educação do ser humano? No mundo animal, o instinto assume esse papel, funcionando como guia em situações de perigo. No nosso caso, um enfraquecimento dessa irracionalidade instintiva ou ainda um desenvolvimento da complexidade racional originaram essa estrutura social densa e cheia de meandros, a qual, por mais que possa ser combatida, parece ser dotada de vida própria, aniquilando os que contra ela se revoltam.

As pessoas no mundo de hoje estão pressionadas por todos os lados que possam imaginar. O nascimento já pressupõe a primeira das pressões. Da barriga, o indivíduo é integrado a um grupo já determinado de pessoas, a família, ao qual deve se submeter de maneira incrivelmente subserviente. As pulsões, os desejos mais internos e as necessidades mais subjacentes são tolhidos por essa célula social, numa dimensão mais modesta, e pela grande e poderosa máquina coletiva, num âmbito mais amplo. Essa, por sua vez, adestra os indivíduos norteando-se pelos códigos que julga ser, valoradamente, os mais "justos" ou "corretos". Não entremos, no entanto, no mérito das ideologias ou das diversas correntes sociológicas.

Na busca pela ordem social ou talvez pelo medo do incerto - ou ainda por outras razões muito mais profundas -, o homem desenvolve modos de vida que acabam por anular a sua própria condição de liberdade. As estruturas responsáveis pela manutenção desse "direito de ser livre" acabam, paradoxalmente, envergando-se contra si mesmas, de modo a apunhalar as formas mais puras de felicidade e realização.

Na intenção, muitas vezes cega, de se respeitar uma configuração de normas pré-estabelecidas - julgadas por muitos como naturais -, pessoas vestem-se de "justiça" e arbitram sobre assuntos que não lhe dizem respeito. Elas, numa atitude covarde e egoísta, guardam para si o direito de opinar sobre a vida alheia e, num ato absolutamente cruel, ousam deliberar sobre a felicidade do outro, como se a pudessem conceber mais do que a própria pessoa.

Crueldade isso! Crueldade tolher a vida do outro como se ele tivesse várias vidas para viver! Como se ele pudesse voltar e viver uma série de novas existências! Como se felicidade fosse algo determinado social e racionalmente, deliberado em convenções, fundamentado por livretos ridículos e oralidades viciadas...

Por que a preocupação com o outro não está associada às suas condições de vida? Por que se julga tanto ao invés de se ajudar ao próximo, num ato que muito mais efeito surtiria? Com ações que poderiam melhorar um pouco desse mundo sujo e infernal em que ousamos viver?

O homem acaba sendo capturado por suas próprias armadilhas. Nessa atmosfera narcotizante, as pessoas vivem como em "Alphaville", onde a palavra "consciência" é proibida. São seres restritos ao pequeno mundo ao qual foram submetidos, sem a capacidade de enxergar além dos seus limites; pessoas “ignorantes” no mais literal dos seus significados.

Por que a felicidade não pode ser decidida individualmente? Por que tem de ser fruto de consenso e aprovação social? Por que grandezas como o amor, a virtude e a arte não podem ser vividas e realizadas como são sentidas no seu cerne pelas próprias pessoas que têm o privilégio de as encontrarem?

Por que o mundo é essa redoma inexorável e angustiante que insiste em impedir a manifestação das qualidades que justamente tornam o humano esse ser tão singular e ávido pelo novo? Por quê?

sábado, julho 14, 2007

INfANCY boy

Does his makeup in his room
Douse himself with cheap perfume
Eyeholes in a paper bag
Greatest lay I ever had
Kind of guy who mates for life
Gotta help him find a wife
We're a couple, when our bodies double.


And it all breaks down at the role reversal
Got the muse in my head she's universal
spinnin' me round she's coming over me

by Placebo

Enturbilhação localizada

De repente, mais velho. Meus pais se parecem a um casal de senhores. Minha casa não é mais a nossa casa. Estranho imaginar isso...

E reação? Sei lá... Claro que um dia isso ia acontecer, mas... Nós nunca pensamos assim.

Bem, acho que isso nem merecia post.


Ouvindo: Running up that Hill - Placebo.

terça-feira, julho 10, 2007

Estonteante

Aqui, bem acima da minha cabeça, eu guardo, numa foto 13X18, alguns dos meus mais emocionantes amigos. Saudades de todos do Macu.

E definitivamente: Não posso mais viver os domingos sem Macunaíma. As tardes inóspitas são de uma agonia suicidante... E quando se juntam a uma específica saudade cortante tudo fica realmente inconcebível.

Ouvindo: Le Vieux Piano - Piaf.

domingo, julho 08, 2007

E o sol...

Não consigo ao menos escrever. Eu tento, tento, mas a viagem ao céu não permite ser expressa pelos nossos signos. Obrigado, lua mágica! Obrigado por me convidar à plenitude!

quinta-feira, julho 05, 2007

Madame Duvan

Madame Duvan me observa atentamente todas as noites. Quando fico reflexivo, ela me ouve e me aconselha.

Madame Duvan adora as canções que escuto e relembra seus tempos de fama e glória. Mas agora, Madame Duvan divide a parede com os Mountebanhs e os soldados de Chelsea. Madame Duvan é bastante feliz. Pelo menos está sempre sorridente. E com os pezinhos a postos.

Ouvindo: Une Belle Histoire - Michel Fugain

quarta-feira, julho 04, 2007

Ed adesso grida di più!

Ímpar. Oferecia umas modestas dicas de localização. Num recôndito, onde nunca se imagina algo semelhante, ele está lá, imponente, todo garboso. E bastante convidativo. Nós o encontramos; em meio às demais singulares construções, nós o encontramos.

Com a experiência dos cinqüentões e a nostagia das suas décadas de glória, exibe um charme cíntrico. Isso me encantou e o escuro da sala não só abrigava a película concreta, mas também o filme da minha mente. O filme da nossa mente. Das nossas palavras. Doces e ternas palavras. Saudades.

terça-feira, julho 03, 2007

Ao estupor

O espelho é um dos meus narcóticos. Assim como a Paulista, o espelho me faz sentir aliviado. Sim, o espelho me tranqüiliza. Quando me sinto sozinho - o que tem ocorrido com uma certa freqüência nesse novo mundo da metrópole - eu me ponho diante do espelho.

Eu converso com o espelho. Converso comigo mesmo. Eu rio, eu me manifesto, eu me emociono. E sinto uma paz quando o faço... Talvez por simples manifestação do ID, ou mesmo pela necessidade - que acredito ser inerente ao ser humano - de estabelecer uma rede de relacionamento social.

Eu tenho longos papos com o meu espelho. Ele é grande e assim consigo me ver todo nele, o que torna a minha ilusão de realidade ainda mais real, aniquilando - mesmo que estritamente na esfera psicológica - a manifestação de solidão.

Eu sempre fui bastante sozinho. E muito por opção. A máxima primária que eu sempre dizia aos meus "amigos" na escola - "Nunca se está mais acompanhado do que quando se está só" - pode até ter validade, mas não encontra mais sentido na minha nova filosofia de vida.


O espelho é um dos meus narcóticos...

Ouvindo: Transatlanticism - Death Cab

Enfim

Finalmente acabou!

Mais de 30 autores, 8 textos, páginas e páginas de anotações! Só espero que o meu mísero pontinho do seminário contribua para uma nota - pode ser modesta, mas - que seja suficiente!

sábado, junho 30, 2007

Soma

Quando eu tinha uns dez anos, elegi em especial uma música, não porque fosse uma obra primorosa, mas porque me tocou profundamente desde a primeira vez que a ouvi. É uma canção linda. Simples em todas as suas facetas. Palavras simples, notas simples, idéias simples. Talvez por isso tenha me tocado tanto. Tão inocente e tão significativa.

Elegi como a minha canção. A canção que um dia eu prometi cantar para a pessoa que amasse. Eu ensaiei e ensaiei, durante anos. Durante vários anos eu sonhei com o momento em que ofereceria a alguém aquela combinação excelente de signos... E agora, tenho certeza que a hora chegou e, finalmente, a singeleza do seu significado vai se converter em algo ainda mais especial, e pleno, o Amor.

Percepções

Só espero que a inocência permaneça e - como lindamente ouvi - continuemos com essa nossa ingenuidade. Só isso...

Próxima terça: o dia da libertação

Não agüento mais. Não agüento a inconstância de certo professor que a cada minuto fala uma coisa. Não se lembra do que promete. Não realiza as coisas como planeja. E onde ele está agora? Está desfrutando do sol do Mediterrâneo, enquanto nós aqui, desesperados em meio a todos esses textos. O pior: sem nenhuma perspectiva de como será prova.

Ah! A única coisa boa é que terça-feira, ao meio-dia, sentirei aquela sensação aliviante de uma prova já passada. Inconstância por inconstância, prefiro-a depois de fazer a prova...

quarta-feira, junho 27, 2007

Sine qua non

Na primeira semana de aula na ECA, me sentei no hall do prédio principal e descobri que ele era mineiro como eu, tinha uma infinidade de gostos semelhantes, uma criação parecida...

E assim começamos a conversar. Passamos a integrar o mesmo grupo e, atrelada a isso, uma amizade bem especial nos uniu. Pessoa íntegra, com um coração maior que o universo...

Mário, te deixo aqui essas palavras, na véspera do seu aniversário. Espero mesmo que continuemos amigos não por muito tempo, mas pelo resto das nossas vidas! Tenho muito orgulho da pessoa que é! E é sine qua non que eu registre isso num momento tão especial pra você. Parabéns, Borelli!

Goodbye

No túnel interminável, sob as lágrimas da despedida e o consolo mútuo, o "Goodbye, Norma Jean" se confundia ao "Goodbye, Grover's Corners". A noite foi marcante. Profundamente marcante...

Até logo, George!

Joe já deixou de entregar seus jornais...

domingo, junho 24, 2007

Hipodérmico

Desculpe pela temporada de posts curtos. É a carência de tempo mesmo...

Esse é mais um deles.

O tempo

O importante é que despertamos a reflexão, mesmo que tenha sido em uma só pessoa. Já valeu por apenas isso... Se é que devo dizer "apenas".

Acho que hoje e amanhã ainda serão melhores.

sexta-feira, junho 22, 2007

Chegou!

Acho que ainda não me dei conta... Vou ficar uma pilha. Mas será uma grande experiência!

Merda pra nós, turma!!!

quarta-feira, junho 20, 2007

Pereceu

Não sei se foi melhor assim. Hoje, o último grupo unido da sala - marcada por antigas panelas - não conserva mais essa condição. Dissolveu-se. No fundo, os problemas sempre existiram, mas nós insistíamos na diplomacia. Um fim de um grupo e, fatalmente, o fim de algumas amizades.

Se elas não compreendem que não sou amigo apenas delas, paciência. Paciência...

Agora, não sei qual será a nova configuração de uma sala que, do original, conserva minguadas afinidades. É o fim de uma equipe. Mas o recomeço de outra... É o que me anima.

Ouvindo: Migraine - The Coral

terça-feira, junho 19, 2007

Cada vez mais próximo

Não estava muito nervoso, mas comecei a me preocupar depois de sábado. Faltam apenas 4 dias! O que são 4 dias? ...

Apreensivo...


Ouvindo: That's not really funny - Eels

domingo, junho 17, 2007

Estafeta

A sinfonia é linda. É a número 5 do grande compositor austríaco Gustav Mahler. Quando Visconti a escolheu como trilha do seu "Morte a Venezia", sabia, como primoroso e hábil artista, da sensação angustiante, mas ao mesmo tempo terna, que ela desperta quando ouvida.

Hoje, na aula de Teatro do Macunaíma, eu pude senti-la na cena do nosso espetáculo, "Nossa Cidade". Num momento de despedida daquelas coisas simples que faziam parte da sua vida também simples, Emily vai se desvencilhando de tudo, de coisas que sequer lhe despertavam a atenção, mas que agora, contam com um valor inestimável.

Eu me emocionei. Não chorei, mas senti um aperto grande ao pensar em tudo aquilo que deixei para trás. Não me arrependo e faria tudo novamente, se preciso, mas a sensação de nunca mais viver na casa dos meus pais, ou ainda naquela cidade, com todas aquelas lembranças...

Isso me emocionou. Simplesmente a sensação do "nunca mais". Não é à toa que, toda vez que meus pais passam por esse portão e pegam a rua pra ir embora, me dá, lá no fundo, uma vontade de chorar. A mesma vontade que eu tinha aos quatro anos de idade, quando minha mãe se despedia de mim lá no colégio...

E agora... Várias lembranças daquela escola que eu amo povoam a minha cabeça... Lembranças de um tempo em que o mundo era tão simples, as coisas eram tão mais encantadas e a minha avó era "a melhor avó do mundo"...

quarta-feira, junho 13, 2007

Reflections

Depois de conversar sobre assuntos do JUCA e muito nos glorificar pela inédita vitória, surgiu, inesperadamente de uma amiga que adora existencialidades, a seguinte pergunta: o que é felicidade pra vocês?

O que é felicidade pra mim? ...

Felicidade pra mim está ligada a satisfação, prazer em viver, desejo de conquista e, principalmente, ao amor. Felicidade está diretamente ligada ao amor. Não sei se é possível ser feliz sem amar. Só sei que se é feliz amando...

Foi o que eu disse.

Ouvindo: Il Mondo - Jimmy Fontana.

domingo, junho 10, 2007

Concreto

Karen, uns 4 anos - Endereço: Favela São Matheus.

Ela pegou o saquinho com as balas. Mas não sorriu. Não. Talvez porque esteja acostumada a tanta degraça e, assim, se acostumou também a não sorrir. Descalça, roupas sujas, cabelos que eventualmente vêem água... A Karen, coitadinha, não sabe porque vive assim. A única coisa que entende é que, se ficar na porta do supermercado dos bacanas, ela pode ganhar uns trocados pra sobreviver... Uns trocados ou comida mesmo.

Juro que senti um nó. Um nó na garganta quando ela, olhando pra nós, pediu que pegássemos três balas cada um. Um dos mais lindos gestos que já vi...

E eu então penso: vou ser tão covarde e cego em toda essa situação a ponto de ignorá-la?

Eu realmente não quero. Não mesmo...

Ouvindo: The Finish Line - Snow Patrol

A melhor Escola do Brasil!

Sim, a ECA é a campeã do JUCA 2007! Conseguimos, finalmente, bater aqueles mackenzistas!

O JUCA é um evento singular no ano da ECA. Nada é como ele. Apesar das outras competições, no JUCA a ECA exerce um papel muito singular: ela se reveste de uma identidade que não apresenta em nenhum outro momento.

No JUCA, a combinação auri-roxa assume uma significação especial, fazendo todo aquele corpo de alunos, mesmo nunca tendo se encontrado antes, entoar aquelas dezenas de hinos de exaltação à USP e rechaça às outras faculdades de Comunicação e Artes.

Onde tem ecanos, tem festa. Mas não uma festa comum: uma festECA! Uma festa com artistas, gente que fala muito e, ainda por cima, músicos próprios. É gente fazendo cartazes pra enfeitar o alojamento, gente tocando jazz às 2 da tarde, gente fazendo propaganda dos jogos... Uma grande reunião! E ainda há quem diga que Comunicação e Artes são coisas sem ligação! Com certeza não foram ao JUCA...

E aí vai uma das minhas preferidas:

"Com força, com raça, eu luto com emoção
Sou ECA, sou USP, eu sou um leão!
Oh, ECA maravilhosa
Cheia de encantos mil
Oh, ECA maravilhosa
A melhor Escola do Brasil!"

segunda-feira, junho 04, 2007

Achei!!!

Eu achei! Não acredito até agora! Procurei essa música por anos! Sem mentir: procurei por uns bons anos essa música! Nunca encontrava nada. Não sabia quem cantava e não lembrava da letra. Mas a melodia eu nunca esqueci.

É a canção que finalizava "The Tale of Peter Rabbit", quando a Beatrix Potter aparecia e ia levar a cartinha até o correio. Gostava muito do desenho quando criança. Mas essa música, essa música me marcou! E eu queria tanto ouvi-la novamente! Pode não ter nada de especial mas ela me faz um bem! Acho que são as lembranças...

E com muita satisfação eu coloco o link dela: Perfect Day - Miriam Stockley

quarta-feira, maio 30, 2007

3 negativos - Sensação térmica: -10 graus

Deve ter geado aí...


Pelo menos a geada ainda insiste em contemplar a decadência... Aquilo que um dia pulsou com intensidade, mas hoje... Perece.

terça-feira, maio 29, 2007

Reminiscências do acaso

Eu sempre fui uma criança muito imaginativa. Mas as coisas que eu fantasiava eram bem menos sérias e decisivas do que minhas reflexões de juventude. Adorava fazer experiências, testar coisas, conhecer fenômenos. Vivia num mundo muito maior do que aquele captado pela visão imediata.

Quando era pequeno e ia passar férias na fazenda dos meus tios, viajava um pouco contrariado porque nunca gostei de campo. Sempre tive um certo desespero em me enfiar num tipo de isolamento, como se houvesse a possibilidade de acontecer alg0 de importante na cidade e que eu não pudesse presenciar. Então, nos primeiros dias ficava sempre muito entediado, até que ia descobrindo o que eu poderia explorar naquele novo universo.

Fora os experimentos que fazia, misturando diversas substâncias, em busca da "poção milagrosa", gostava de observar coisas da natureza. A minha vocação ao isolamento possibilitava que eu desse vazão às minhas próprias idéias e pudesse colocá-las em prática. Uma vez, acordando de manhã, notei o cadáver da maritaca que, dias antes, alimentava seus filhotes num ninho que perto ali ficava. Foi então que, depois de chorar pela sua morte - algo bem rápido, por sinal -, resolvi enterrá-la, com direito a missa e tudo. Meses depois estava revolvendo seus restos para verificar o que havia acontecido.

Queria ter continuado com aquela sagacidade de criança. Queria ter conservado aquela inocência. A mesma casa onde meus bisavós viveram, e que hoje é ocupada por meus tios-avós, tornava real os meus sonhos. Os roteiros que eu escrevia tinham, na sua maioria, aquele lugar como cenário. Eu conseguia, com uma autenticidade tão grande, viver as personagens que imaginava... Sentia com tanta intensidade as emoções delas, os seus medos, as suas angústias... Aquele ambiente antigo, cheirando a colonial anacrônico, me encantava. Cada detalhe: do asoalho de madeira polido a oito mãos até aqueles móveis, que eu jurava que ia levar quando minha prima fosse se desfazer deles (ela odeia aquelas antigüidades).

Aquele cenário me inspirava tanto... O porão, onde eu não entrava sozinho, tinha um cheiro tão característico... E eu olhava a enorme e pesada cruz que havia sido retirada da sepultura dos meus bisavós e fantasiava que eles pudessem estar enterrados ali. Tudo isso para que a história ficasse ainda mais emocionante.

Eram tão especiais aquelas noites brancas de farinha, com polenta na mesa, pão na fornalha e canudo depois do jantar... E eu inseria tudo aquilo nas minhas histórias...

Lembro-me de algumas. Lembro-me de uma que se passava na atualidade, em que eu era um homem sozinho que vivia somente dentro daquela casa, isolado do mundo. Nessas circunstâncias coisas iam acontecendo comigo naquele restrito ambiente. Outra história foi inspirada pelo meu tio, que contava os "causos" que envolviam os escravos do bisavô dele, histórias que tinham se passado nequele mesmo lugar, razão da minha inquietação em ficar lá sozinho.

Meu tio, na verdade mais avô que os meus verdadeiros, sempre esteve muito presente na vida da minha família nuclear. Não sei se pelo fato de não ter tido avós estruturados tradicionalmente eu acabei elegendo a figura desses meus tios-avós como avós de verdade. Acho que sim. Lá eu tenho a liberdade que não encontro na casa das minhas avós de verdade...

Todo jantar é acompanhado, ainda hoje, pelas histórias do meu tio. Variando a entonação conforme a gravidade do fato, suas palavras, descontinuadas pelos goles de vinho, vão formando habilidosamente frases que acabam sempre por revelar, ao final, algum sentido espetacular.

Nessa realidade, acrescida de muita fantasia, eu montava minhas histórias e vivia algumas das minhas personagens. Como num filme...

Às vezes me pego pensando nesses meus sonhos de infância. Eu queria tanto poder viver aquela verdade novamente... Sentir minhas personagens com sentia... e, por que não, chorar como eu chorava! Queria de volta todo aquele encantamento... Queria muito, muito...


Ouvindo: Villa-Lobos - Bachianas No 5

À parte

Os que conhecem se amedrontam. Alguns conhecem, mas esquecem e seguem... Outros conhecem, mas não se sensibilizam. E outros, que não têm idéia da verdadeira realidade, simplesmente vivem...

Nascem, vivem e morrem, como se existissem apenas para cumprir as regras do ciclo.

Nascem, vivem e morrem. Morrem sem ao menos saber que estavam vivos...

quinta-feira, maio 24, 2007

Escuridão

E tudo foi se apagando. Morri por 10 segundos. Senti medo. Insegurança. Impotência. Impossibilidade de explicação. Numa nuvem meio inconstante fui percebendo o sensível até voltar ao mundo do caos. E agora, aqui, escrevo...

Ouvindo: Protège-moi - Placebo

segunda-feira, maio 21, 2007

O centro está em toda parte

Hoje eu realizei um dos meus sonhos de infância de USP: subir na torre da Praça do Relógio. Estávamos de manhã especulando sobre os estudantes que lá haviam subido, quando veio o espasmo: "Gente, vamos subir lá?". A idéia foi contagiante e então combinamos a aventura para depois da aula.

Acontece que umas amigas não puderam, mas a Aline estava lá, firme e forte, como uma criança prestes a sentar na cadeira do Papai Noel. Só que estava muito cheio e então resolvemos voltar mais à tarde, uma vez que lá em cima o espaço é bem pequeno.

6 horas. Pensei que a louca da Aline havia esquecido. Mas não. 6h05 ela me liga: "Rido, vamos!" Hahahaha "Vamos!". E fomos. Ainda havia bastante gente lá no topo, mas o movimento estava menos intenso. Começamos então a subir. Olha, valeu só pelo que eu ri da "Lininha"!


Na metade do caminho, "Rido, vamos voltar! Já tá bom". Eu me acabando de rir: "Vamos até o fim agora! Você não queria subir? Então!". Subimos aquelas centenas de degraus enquanto outros desciam, depois de já terem contemplado a vista. Enfim, chegamos. Estava cheio lá em cima, mas menos movimentado do que durante o dia.

Aquilo é bem alto e a vista é bastante legal. Dá pra ter um ângulo bem singular da USP. De lá a gente percebe o privilégio de termos um reduto desses em plena selva de pedra paulistana. "Nossa, Rido, será que se alguém pular daqui morre?"; "Não, Lininha, só de despedaça em dez mil partes.".

Como o povo é louco! Lá em cima disseram que algumas pessoas chegaram a ficar sentadas na mureta, apreciando a paisagem. Imaginem! Sentado na mureta do relógio, como se tivessem na beira da piscina. Passei mal só de pensar...

O mais interessante é que o trânsito pelo monumento não representa uma simples aventura turística: simboliza a resistência estudantil ao cerceamento da autonomia da universidade. Mais que isso: demonstra o exercício da idéia de "Universidade Livre", como estava estampado na faixa que hoje cobria a torre.

domingo, maio 20, 2007

...................

Por que sempre buscamos as saídas? Será que cada problema sempre está acompanhado da sua resolução? Pergunta vã, uma vez que resposta não podemos encontrar. É vã, mas não deixa de ser inquietante.

Interessante como a vida nos coloca diante de uma série de questões intrigantes. Verdade também é que elas nem sempre são encaradas da mesma forma. Tudo depende de um contexto, juntamente com experiências já concebidas. Assim, problemas insolúveis para alguns podem ser considerados ridículos para outros. Portanto, a dimensão atribuída não depende do problema em si, mas do sujeito que o detém. É sim mais uma questão de relativização.

Sei lá por que eu tô escrevendo isso. Eu tenho pensado muito nessa questão existencial da convivência constante do ser humano com problemas. A vida é um problema em si. Mas, por favor, "problema" aí está sem pejoração. Sendo a existência um núcleo problemático, viver se torna uma tarefa obrigatória até o momento em que ainda é mais valorizada em relação à sua própria anulação. Em outras palavras, vivemos porque achamos isso melhor do que a não-vida, o que não é o mesmo que morte.

Mas uma questão, imediadamente, me vem à cabeça: será que preferimos viver e personificar o caos ou temos, na verdade, medo do contrário a isso tudo? Spinoza nos diria que esse processo de extinção da própria existência pode ocorrer com a incompatibilidade entre o corpo e o fluxo dos afetos. Concordo e muito com essa concepção, mas acho que a anulação da própria vida está diretamente ligada à anulação desse medo em relação ao desconhecido, ao incerto.

Essas não são ideías suicidas, pelo amor de deus, mas fazem parte de uma reflexão feita com uma grande amiga, que também adora a discussão de uma existencialidade. Ela já é mais radical. Essencialmente platônica, acha que vivemos no próprio inferno: "O inferno é aqui e a nossa corporificação se constitui no mais pesado dos fardos que uma existência pode compreender".

Um coisa é certa: apesar desse medo do improvável, indivíduos especulam a todo momento o que haveria do outro lado. Constantemente, encontram-se à espreita, tentando pelo álcool ou pelos alucinógenos, contemplar algum mistério desse "inimaginável". Esse nada tão enigmático, talvez maior do que tudo o que podemos imaginar. Estranho isso.

Pontualmente

Parece meio bizarro, mas eu perdi, ano passado, em meio às minhas coisas (vulgo bagunças), um dos meus relógios. Até que gostava bastante dele. Fato é que todos os dias, pontualmente, ele toca às 7:30 da manhã. O curioso é que, mesmo mudando de quarto, não consegui achá-lo. Ele se encontra infiltrado em alguma das minhas bugigangas e utiliza-se de todas as artimanhas para se manter na discrição. Mas todo dia faz questão de ser lembrado e não cessa de fazê-lo. Reloginho cruel esse, viu!

sexta-feira, maio 18, 2007

Complicações...

Há momentos complicados, em dias complicados, de épocas complicadas. E essas duas últimas semanas têm evidenciado isso. A morte de uma professora querida, a dissolução iminente de um grupo de amigos (por puro egoísmo e ignorância, diga-se de passagem), uma gripe que não vai embora de vez, uma atmosfera de tensão na universidade e de incerteza na ECA e, para completar o circo, um novo show da filha da mãe dessa velha que não tem o que fazer da vida a não ser implicar comigo (injustamente e sem nenhum critério racional, diga-se de passagem). Vai se fuder, sua velha! Tô cansado! Realmente cansado!

É complicado. Muito complicado...


Ouvindo: Dazed and Confused - Led

segunda-feira, maio 14, 2007

Indeterminado

Tudo indica que neste ano teremos uma greve longa. Se depender dos boatos que perfazem os corredores da faculdade, as negociações não serão rápidas. Alunos, funcionários e professores estão se unindo e buscando se concentrar na principal reivindicação: a manutenção da autonomia universitária. A reitoria não se posiciona claramente, o que provoca a indignação dos estudantes, e com razão.

Não podemos deixar morrer uma das únicas instituições públicas que ainda nos orgulham de alguma forma: a universidade paulista, razão precípua da minha migração.

Contra a burocracia! Viva a autonomia! Panfletário, não? Hahahaha Mas é sério...

O pior de tudo isso são algumas idiotas que acham que a competência de uma universidade pode ser medida pelo número de prêmios Nobel conquistados. Coitada! Percebe-se que ela não fez mesmo USP...

Ouvindo: Rooney - I'm a Terrible Person

sábado, maio 12, 2007

In the alleys of this town

"Leave me bleeding on the bed
see you right back here tomorrow
for the next round
keep the scene inside your head
as the bruises turn to yellow
swelling goes down
and if you're ever around
in the city or the suburbs of this town
make sure you to come around
I'll be wallowing in sorrow
wearing a frown"

Como eu amo "Pierrot the Clown"!

Pierrot The Clown - Placebo

quinta-feira, maio 10, 2007

Ficção e realidade

As coisas passam tão rápido, não? Esses dias mesmo estava eu na sala dela, conversando como sempre gostei de fazer. Ela era muito simpática. Discutíamos sempre sobre ficção de TV; metíamos o pau nas novelas, falávamos de autores, era muito agradável.

Hoje soube que ela havia partido. Fiquei meio bobo. Afinal, a notícia foi dada inesperadamente. Ela disse que ia no meu espetáculo. "Pode chamar que eu vou mesmo!". E pode saber que ia. Era muito competente, mas, mais do que isso, gostava de saber o que o aluno realmente havia aprendido.

Eu juro que, se eu soubesse que ela iria embora, teria ficado mais, conversado mais, compartilhado mais. Não quis vê-la por uma última vez. Quis guardar a última imagem dela: nos abraçamos e eu saí daquela sala como se fosse a ver por muito mais tempo ainda.

Não gosto dessas coisas fúnebres, mas acho que ela merece esse espaço, essa minha homenagem. Uma homenagem a você, professora Lourdinha.

quarta-feira, maio 09, 2007

Da leviandade do cristão

Quanta pompa! Nas ruas, o povo coitado luta desesperadamente para ter diante de seus olhos, pela única vez na vida, a figura de alguém que dizem ser "santificado". As senhoras, mesmos com suas dores típicas, agüentam o frio do dia com as menores temperaturas do ano. Há também jovens, que bradam em exíguas vozes um couro sem muita razão, querendo imitar o "Giovanni Paolo! Giovanni Paolo!" das crianças italianas. Há gente de todo tipo. Há mendigos que olham toda aquela movimentação sem muito entender o motivo da alegria. Afinal, a vida é tão ingrata e nada mudará depois disso.

O desfile do "papa-móvel" parece a contemplação medieval das relíquias sagradas. Só falta pagar. E as pessoas acreditam no poder santo daqueles cabelos brancos. Ele é tão sereno. Passa uma paz tão grande, só poderia mesmo ser um representante divino.

O rubro acetinado misturado à túnica alva constituem o figurino das celebridades. Como adorno e signo de afirmação, os espessos cordões de ouro, cada um com uma polpuda cruz, pendem nos pescoços sagrados.

Tudo isso é muito lindo! E uma grande festa!

Pena que é tão falsa. Falsa, alienante e, muito mais do que isso, hipócrita. Como uma igreja que nunca se libertou dos luxos e regalias dos quais sempre dispôs pode dar pitaco na vida alheia! Como alguém que mal come pão da menos vagabunda farinha pode falar de combate à fome? E o dinheiro movimentado pela própria igreja com a vinda do seu mais alto representante? Não conta? E o dispendioso cerimonial que o Vaticano sustenta para que todos babem, mas babem com conforto – é necessário frisar –, nas saias do grande pontífice?

A igreja continua a mesma. Salvo algumas transformações, que existencialmente teriam que ocorrer para que ela se mantivesse, continua a mesma. Mas a imagem do indivíduo alienado olhando a figura do papa, hoje, é absolutamente a mesma de séculos atrás.

E a sociedade também não mudou muito. O cerne fundamentalmente é o mesmo. Aliança entre Igreja e Estado na época moderna. Aliança entre Igreja e Estado na atualidade. O paralelo é evidente. E é absolutamente ridículo que, no século XXI, ainda não tenhamos um Estado verdadeiramente laico. Não são somente os inúmeros símbolos do cristianismo que presenciamos em Brasília que nos evidenciam isso. A recepção exageradamente dedicada dos nossos representantes políticos ao chefe da igreja católica deixa-nos bem claro que o Estado brasileiro não respeita a liberdade individual e, muito menos, zela pela igualdade dos seus cidadãos. Mais do que incoerência, isso se constitui numa tremenda falta de respeito aos outros credos.

Quando, aos treze anos, presenciei em uma missa a reserva de lugares a políticos da cidade, deixando, de pé, velhos senhores e senhoras, tive a certeza de que tudo aquilo ali era banhado por muita coisa errada, muita coisa superficial. Eu me revoltei no meu pequeno âmbito, mas a minha família, com essa mesma postura de alienada, me condenou. Afinal, a igreja deveria ter alguma razão para aquilo.

O mais cruel é a sensação de, ao lermos a história dos séculos anteriores, pensarmos que vivemos em uma realidade bastante diversa. A igreja ainda continua com o seu pedantismo interventor e o Estado, encabeçado por uma elite ávida por se manter no topo, ainda busca o apoio da religião. A retórica da igreja ainda é bastante eficiente. O papa, coitado, condena o aborto. E, enfaticamente, diz que "a fé salva". Salva sim. Salva a igreja da sua derrocada definitiva. Mas... Viva o papa!


Fica a reflexão.

terça-feira, maio 08, 2007

Desajuste

E o espectro da greve ronda a USP... Mas o fim já é por todos conhecido; não será revolução!

domingo, maio 06, 2007

Muitas são as janelas

Não posso deixar de registrar, mesmo que sem tempo, algo sobre o novo programa da TV Cultura, "Direções - Por um Novo Caminho na Teledramaturgia", ao ar todos os domingos, a partir das 21h. Será uma série que vai reunir diretores teatrais de destaque no cenário contemporâneo, coordenados pelo Antunes Filho.

E, logo de estréia, quem nós tivemos? O Rodolfo García Vásquez, dos Satyros, que dirigiu, "O vento nas janelas", um teleteatro que lembra em muito os formatos dos teleteatros italianos e chilenos, mas com uma diferença: um novo perfil de narrativa, com a perspectiva crítica e ousada característica dos Satyros, perspectiva essa que me encantou desde o primeiro espetáculo que assisti.

O roteiro é muito peculiar porque, apesar de tratar de algo praticamente raro na ficção televisiva - travestis, homossexualismo e boca do lixo -, aborda temas tão presentes nos dias de hoje, particularmente em relação ao indivíduo urbano e impessoal, sobrevivente de um mundo caótico desencantado e que ainda tenta resguardar para si a qualidade de "racional".

"O vento nas janelas", como o espetáculo "Inocência", força-nos a uma reflexão profunda sobre o sentido da vida e, numa concepção mais ampla, sobre o rumo que estamos tentando escolher para seguir. Percebemos o quanto perdemos tempo com mínúcias e mediocridades numa existência tão curta e, mais do que isso, tão frágil.

Ouvindo: Meds - Placebo

terça-feira, maio 01, 2007

Favourite Worst Nightmare

Um comentário bem rápido: o novo álbum dos Arctic Monkeys tá demais! Bem que disseram que poderia superar o primeiro. Eu adoro a ousadia e a originalidade deles! O que é "Balaclava"? Simplesmente muito bom!

Ouvindo: Do me a favour - Arctic Monkeys

I can't cross over anymore

Não reconheço mais esse ambiente. Definitivamente. Andando pelos lugares que faziam parte do meu cotidiano sinto um misto de nostalgia e distanciamento. As ruas do centro já não mais as mesmas. Pareciam tão grandes, tão largas para uma cidade de interior. O glamour dos antigos cassinos, os prédios em estilo neoclássico, o jardim inspirado em Versalhes, as fontes que jorravam o requinte e a história da importante estância agora são vistos com um olhar de turista.

Andando pela avenida que me conduz ao centro, "Belfast", do Elton John, está tocando e me traz todo um arcabouço de lembranças. Mas são lembranças que mais se relacionam a uma vida passada. Que silêncio! Que pessoas calmas! Que tranqüilidade maçante!

Começo a me irritar com as coisas. Aquilo que antes me parecia comum é agora estranho, tão estranho que passo a comparar com meu novo planeta. Como o mundo aqui é pequeno! Como as pessoas têm uma vida instrumental! Que viver mais utilitarista!

Sem questionamentos, sem qualquer indagação. Tudo é muito estanque. Um absurdo sentimento conformista, como se as coisas se resolvessem por si mesmas. Chega a ser deprimente.

O mais engraçado é que, mesmo quando integrado a isso, eu já me sentia assim. Eu percebia e sofria com essa situação. Aquilo era muito pequeno. Um mundo maior e mais dinâmico haveria de existir.

Não faço mais posts sobre isso. Não gostei do tom.

quinta-feira, abril 26, 2007

No dia do sol

Como uma lua mágica, vejo uma luz que seria divina se Deus realmente existisse.

E nas ruas sombrias, nos becos escuros, sujos e alagados pelo mais estridente silêncio, penso. Penso, penso, mas não raciocino. Não raciocino.

Os lapsos ficam cada vez mais evidentes.

Clareado pelo espasmo da inconsciência, vago inconstante pela minha própria mente desorientada, juvenil, imatura...

As noites me convidam à felicidade. As noites me fazem sentir “eu”, com ebulição de pensamentos, efervescência de constatações, iluminado... iluminado pela luz da lua mágica.

È da morrire! O d’amare? Louder.

Na torre das três verdades, descubro algo distinto. No cume daquele mundo, ouço algo. Ouço, mas não compreendo. A cidade parece abraçar a torre e, naquele encontro imerso em contigüidade, sinto-me outro. O lugar já não é o mesmo. É encantado agora.

Bocas falantes, mas, mais do que isso, mentes pensantes. A reflexão permeia a fantasia e a fantasia faz da realidade algo além do especial.

A dimensão do mundo não é suficiente. É preciso transpô-la. Mergulhando na irrealidade, percebemos um novo mundo e o abraçamos. Ternamente!

O Apolo dionisíaco. O olhar me intriga. Me desperta. Me aponta. Reflections.

Na sintonia da minha alma, percebo passos. Alguém se aproxima.

A procura pelo sentido de tudo nos une e a estrela da inocência nos coloca em similitude. A desconexão se torna coesa. As trevas tornam-se azuis. E eu encontro aquele Deus.

A sombra agora não é mais desnorteadora, está esclarecida. E a lua mágica está ainda mais bonita, mais bonita. Pronta para conceber o sol.

Ouvindo: Fortissimo - Rita Pavone