domingo, abril 01, 2007

C.R.A.Z.Y.

Um comentário...

Parece mesmo louco, mas na verdade está repleto de sentido. Falo do mais recente filme de Jean-Marc Valée: C.R.A.Z.Y. Me surpreendeu. Apesar de ter ouvido boas recomendações, não imaginava que veria algo tão bem delieneado, tão bem construído e montado. Vejo no filme a união de uma série de elementos que eu não conseguia ver, já há um certo tempo, em um filme só.

O roteiro é realmente muito bom. Apesar de girar em torno de uma família do Canadá francês com traços típicos da década de 60, o enredo não tem nada de clichê. Para apresentar a conturbada e confusa construção da personalidade de Zachary, o quarto dos cinco filhos do casal formado por Michel Côté e Danielle Proulx, o filme é recheado de características que me fazem sentir saudade de uma época que nem mesmo vivi.

Não posso deixar de fazer referência à trilha sonora. O que é aquilo? Raras vezes vi tanto clássico bom, e dos mais variados estilos, compondo toda a atmosfera de uma história filmada. Com certeza, Rolling Stones, David Bowie, Patsy Cline, Aznavour me influenciaram para gostar ainda mais do filme. Mas é claro que ele é bom por uma série de outros fatores.

Aplausos para o Marc-André Grondin! Acho que ele conseguiu representar muito bem a rebeldia da época mas também tudo de excêntrico que envolve a sua personagem. O filme é feito de cenas que merecem um espacinho na memória: o pai Beaulieu cantando "Emmenez moi", o Zac dublando “Space Oddity” (que pra mim é uma das melhores cenas do filme), a sua caminhada pelo deserto, sem contar a discussão decisiva, debaixo de chuva, com seu pai...

Achei fantásticas aquelas passagens em que o Zac dizia que se ele sobrevivesse àquela situação de risco ele se curaria dos seus males. Senti uma certa nostagia nesses momentos...

Mas o que mais julguei importante é que fica bastante evidente o conflito entre o "Zac-essência" e o "Zac-aparência". Além da questão da sexualidade, o roteiro consegue tecer direitinho como uma série de problemas ou ainda questões delicadas de sua infância irão determinar o seu futuro "eu adulto", um "eu" que conseguirá se afirmar negando-se.

Sem falar de "Crazy", que, nada de especial, sempre foi uma das minhas músicas.




Zac (Marc-André Grondin), logo depois de dublar
o
David Bowie.

2 comentários:

Guilherme Genestreti disse...

Rido! Esse filme é ótimo, mesmo! E isso a gente já falou bastante! Nossa, que coincidência! Pensei em postar hoje sobre a letra de "Space oddity" justamente, olha só que coincidência! Ia tentar fazer um ensaio sobre todos os sentidos dela, e como todos eles são brilhantes! Gostei!
Abração
A propósito, veja esse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=D67kmFzSh_o
É a interpretação literal da letra dessa música. É um vídeo que eu sempre gostei!

RIDO disse...

Demais o vídeo, Gui! Muito oportuno!!! Eu tenho mania de me apaixonar por alguns filmes que vejo... Esse foi um!
Abração!